Quando abriu os olhos estava no outro lado do labirinto que havia se tornado o jardim. Ainda estava em perigo. O silencio pairava sobre seus pés e aguçava seus sentidos. Seus pensamentos estavam divididos em três. Uma parte pensava em como sair dali sem que ninguém sentisse sua falta, ela tinha certeza que Alisha não a deixaria voltar para o salão, não viva. Não podia simplesmente sumir, muito menos ir pela saída da frente, quem dera pela dos fundos. Outra parte estava dedicada a descobrir o que Alisha era e o que ela quis dizer com "a sétima chave foi revelada" , e de que tipo de caçada ela estava falando? O que seriam as seis chaves restantes.
Porem, outra parte de sua mente estava observando tudo em volta, silencio. Maldito silencio. O fino nevoeiro que pairava sobre seus pés, revelava a presença de alguém nas redondezas. Encostou-se em uma árvore e passou os cuidadosos olhos pelo perímetro.
- Luci... - disse olhando para a sombra que começava a se formar na sua frente.
-Olá Sofie.
Sofie respirou fundo. A garota era mais assombrosa do que parecia. Sofie tomou coragem para iniciar uma conversa mas algo a interrompeu.
Brian saiu de dentre as árvores e invadiu o corpo do fantasma de Luci , que se desmanchou no ar como fumaça. Sue estava com o coração descompassado por causa do susto.
- Esta tudo bem ?
-A-Acho que sim.
-Como você veio parar aqui?
- Bom ... Nem eu sei - disse sorrindo
Ele deu alguns passos, aproximando-se. Quando seu rosto ficou à mostra Sofie pode ver.
- O que aconteceu com o seu cabelo - desse ela num tom mais fofo do que deveria, cruzando os braços por caus do frio.
-Resolvi dar uma mudada- ele sorriu, foi quase que uma cantada - cabelo comprido demais estava dando muito trabalho. - ele parou por um segundo e olhou-a - você deve estar com frio.
Disse isso tirando o terno e colocando sobre os ombros de Sofie.
-Vamos entrar
- Acho melhor não. Não estou muito bem, acho que já vou para casa
- Mas não são nem oito da noite.
-Pois é. - disse respirando lentamente - Acho que nem deveria ter vindo. - tirou o terno dos ombros de devolveu-o. - Até mais Brian. Avise sua irmã que devolvo o vestido amanhã. Muito obrigada por tudo - falou virando-se.
-Sofie - ela voltou-se para fita-lo - você estava linda hoje.
- Obrigada - graças às luzes fracas, Brian não pode ver Sofie corando de leve. Ela virou-se e desapareceu dentre as árvores.
***
Fechou os olhos e quando abriu-os estava dentro do carro. Tinha que sair dali o mais rápido possível. Mas andes de colocar a chaves no painel ela olhou uma ultima vez para as janelas da mansão. De uma delas se via a imagem de Silan, seu professor de Inglês, A aura negra estava com ele. Mas dessa vez seu rosto dizia outra coisa. Era uma suplica. Um grito silencioso de agonia e um pedido atormentado de ajuda. Ele quase que implorava por ajuda.
Em menos de cinco minutos Sofie estava na estrada principal em direção ao hospital de Tom. Deixaria o carro lá e iria sozinha dali. Precisava descansar.
***
Antes de ir para casa, Sofie foi até a praia. Sentou-se à beira de um pequeno pier de madeira, que entrava pelo menos vinte metros ondas a dentro. Com certeza alguém que pulasse ali na maré alta não escaparia tão fácil.
Quando deu por si, estava apoiada apenas por um pé na frágil madeira, e não demorou muito para sentir a água fria e salgada do mar cortar-lhe a pele. As ondas eram fortes e violentas, não havia como lutar contra elas. Mas, elas de repente pararam. Sofie mexeu-se e as ondas continuaram paradas, como se por um minuto o tempo parasse para observa-la.
Ela nadou até a margem e continuou andando até as ruas que cortavam a cidade. Tudo estava parado. Como se fosse algum tipo de pegadinha , ou uma brincadeira. Sofie não sabia como tinha feito aquilo, muito menos como ia desfazer.
Em pouco tempo viu-se em frente à sua casa. Olhou para traz e as coisa começaram a se mover na mesma velocidade que se moviam antes.
Como de costume, Sofie afundou-se nas cobertas e caiu em sono profundo. Profundo demais.
***
Ela abriu os olhos e estava em uma sala pequena. As paredes eram brancas e não havia nenhum lugar de onde pudesse entra ar ou qualquer luminosidade. O ar era rarefeito e sufocante. A sala estava vazia. Exeto por um pequeno livro, num dos cantos. Ela levantou-se com cuidado e chegou perto do livro.
Sentiu o chão tremer sob seus pés. Tentou se apoiar nas paredes, mas como se fosse algo gelatinoso, elas apenas se moldaram ao seu braço. Sofie o tirou rapidamente de lá. Esperimentou tocar com as pontas dos dedos nas paredes. Elas se moveram em pequenas ondas ao sentirem seu toque. Porem as ondas ficaram mais violentas e começaram a se espalhar. A sala começou a ficar relativamente menor, deixando o ar mais escasso. Ela tentava engolir saliva e livrar a garganta seca.
Olhou para trás e deparou-se com Luci, ela ria descontroladamente. Debochando, gabando-se.
- Ele é meu queridinha
-Do que você esta falando?
-Você realmente acredita em Kevin? Desculpa , mas é tudo mentira. - ela desviou o olhar por um segundo - Joe me amava, ele sempre me dizia isso. Tudo que você sabe é mentira. - ela começou a se aproximar , até poder tocar com as pontas dos seus dedos gélidos o rosto de Sofie - mas se você vier comigo, posso lhe mostrar.
-Não - disse isso relutante - Pare com isso - empurrava as paredes que agora a sufocavam - por favor pare!!
Como se por impulso Sofie abaixou-se a apanhou o pequeno livro. Sua capa era de cor preta com pequenas letras douradas. Ela abriu-o e dele saiu um clarão, cegando-a e a levando daquela sala.
***
Ela estava de pé à frente do espelho. Estava extremamente linda. Seus olhos estavam claros e pareciam queimar.
A sala à suas costas era muito bem decorada, e a luz do sol adrentava as janelas como numa manhã de sábado ensolarada. Respirou fundo, sentindo o ar leve e o cheiro de orvalho que vinha de fora trazido pela brisa.
Ela estava totalmente acordada, não sentia vontade de voltar para a cama, nem de ir à cozinha preparar o café. Estava feliz naquele momento.
Fechou os olhos por um instante e pode sentir uma mão encostando em seu ombro, riu baixinho e ergueu o olhar. Mas não esperava pelo que viu.
Uma sombra densa estava-a envolvendo, já era tarde. Sofie podia sentir os sussurros.
- Você não conseguirá fazer isso sozinha, não se iluda criança. Você é a chave que faltava.
- Do que você esta falando? Não se de chave nenhuma.
- Não , mas logo saberá, aguarde os visitantes. Cuidado, guarde minhas palavras.
A sombra quase que gentilmente, passou o braço por cima do ombro de Sofie, e quando alcançou o espelho escreveu com as garras, fazendo um barulho irritante.
"Eles te guardam pela luz,
Eles desejam-te pelas trevas,
Os renascidos retornam ao seu posto
Vida, Mente, Corpo, Som, Sombras, Luz e Morte
As chaves serão recolocadas
E a guerra se iniciará"
***Sofie acordou com as mãos tremulas, ainda não havia amanhecido. Saiu da cama, acendeu a luz e foi ate o espelho. Com as pupilas dilatadas pode ler, escrito com batom, o seu batom. As mesmas palavras proferidas pela sombra. Averiguou se não era mais um sonho, mas não, aquilo era real.
- Merda - disse baixo, mas sua vontade era de gritar.
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